PRECISAMOS FALAR SOBRE O QUE NOS PASSA

Este não é um texto de curadoria, talvez seja uma carta de amor e rebeldia. Mas pode ser também um convite, um “venha junto, vamos fazer barulho por aí”.
Escrevemos esta carta como quem precisa encontrar um caminho pra dizer algumas palavras que passam tão depressa, que às vezes é difícil alcançá-las no tempo/espaço, difícil concretizá-las em algo que não seja uma conversa entre amigos e para amigos: por isso uma carta, uma carta de amor, uma carta de parceria, uma carta de “que bom estar com vocês aqui/agora”.
Desde quando começamos a desenhar as primeiras vontades, os primeiros anseios deste “Ruído EnCena”, pensávamos “é preciso mostrar pra toda essa gente que a gente existe e está aqui pra bagunçar um tanto a ordem das coisas”. “É preciso fazer barulho”, mas não um barulho de panelas, um barulho mercantilizado e padronizado, é sobre fazer muito barulho, muito barulho mesmo, muitos barulhos, em diversos canais, em diversos corpos, corpas, peles, em diversos modos de existir, um barulho coletivo de muitos ruídos, muitos desejos, um barulho que está a todo tempo lidando com a contradição, com questões não resolvidas, e que serão sempre não resolvidas e por isso, persistimos.
Tornar escuta, fazer ouvir. Fazer ver e se aproximar daquilo que lhe parece ruidoso. Escapar uma possibilidade imaginativa sobre a vida. Uma frase: “Precisamos falar sobre o que nos passa”. Precisamos viver o que nos passa, precisamos gozar sobre o que nos passa, precisamos gritar sobre o que nos passa. Estamos aqui, novamente, nós, as de sempre, em algum lugar, tentando agora, falar sobre nós, falar pra alguns tantos amigos e outros que vamos encontrar nesse caminho, que estamos aqui, gritando, fazendo algum ruído, nós por nós mesmas, com desejos, aflições e contradições. É também parar para ouvir. Esse é o nosso suporte agora e também o que nos cabe suportar.
Fazer ruído é trazer a tona o questionável, o inapropriado, o intransigente. Este ruído é transitivo, são nossos corpos como bandeira, é bandeira como nossos corpos. É mulher preta, é Jardelina da Silva, é bicha, é peso bruto, é trava, é drag, é louca, é gorda, é Copi, é insana, é mulher latino-americana, é inteira e é quebrada, é sapatão, é carnaval, é chicana, é paquita preta, é trans, é samba é rap é pop é rock’n’roll, é curto circuito, é calor na bacurinha, é Frida Kahlo, é cuidado frágil, é puta, é corpo em chamas, é zona ruidosa.
É se reinventar a cada dia, é fazer barulho por pouca coisa, é fazer barulho por muita coisa, é fazer tempestade em copo d'água, é tempestade em alto mar. É fracasso também, é uma fresta, uma tentativa de riscar o céu cinza de uma Curitiba que está pronta para ser vivida e ocupada! Vem com a gente! Nós precisamos de você pra fazer barulho, vem fazer parte deste Ruído!
Sejam bem viados ao primeiro Ruído EnCena!
Daniel Valenzuela, Gabriel Machado e Léo Moita
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SEJAM BEM VIADOS!
O Festival Internacional Ruído EnCena reúne obras de 10 artistas e grupos de diferentes linguagens das artes da cena - teatro, dança, performance, cinema e música. A curadoria escolheu como caminho a frase "Precisamos falar sobre o que nos passa”, para abrir um lugar de escuta e de fala, com as mais diversas representatividades do corpo e formas de resistência/existência. Arte e vida postas em cena, criando diferentes camadas de fruição e produzindo novos discursos e desejos. Também compõem a programação as Zonas Ruidosas, com uma série de oficinas, residências, encontros e festas.
Um festival feito de perguntas: O que é fazer barulho? O que é fazer Ruído em Curitiba? O que é representatividade? O que é resistir? O que é existir no Brasil em 2017? O que é performatividade? O corpo é político? A política é corpo? Que caminhos estamos traçando? O que podemos juntos?


ATRAÇÕES

espetáculos/zonas ruidosas/festas




SELO RUÍDO CWB
O Ruído CWB é um selo curitibano que desenvolve ações multiculturais, colaborativas e independentes. Definimos nossa atuação como uma mistura de experiências musicais, visuais e cênicas, sempre em busca de novas poéticas e valorizando discursos autorais. A força do Festival Ruído nas Ruínas, nossa ação inaugural em 2011, abriu caminho para o surgimento de diversas atividades e para a formação de um ponto de convergência entre artistas, produtores e agitadores culturais.
Curadoria – Daniel Valenzuela, Gabriel Machado e Léo Moita
Concepção e coordenação geral – Daniel Valenzuela
Produção executiva – Cindy Napoli
Assistência de produção – Márcio Junior
Acompanhamento crítico-reflexivo – Francisco Mallmann
Programação Zonas Ruidosas – Augusto Ribeiro
Receptivo – Maria Linn e Patrícia Cipriano
Iluminação – Lucas Amado / Espaço Criação Luz
Sonorização – Luigi Castel / Effex
Produção de palco e assistência de iluminação – Lúcio Nogueira
Programação visual – Web Mota
Vídeos – Carol Winter / WTF?! filmes
Fotografia – Elenize Dezgeniski
Direção de comunicação – Michelle Hesketh
Assessoria de imprensa - Lucas Cabaña
Social media – Sabrina Moreira
Gestão cultural – Luiz Roberto Meira
Agradecimentos – Equipe do Teatro Zé Maria, Beto Lanza, Nina Ribas, Cali Ossani, Cleverson Cavalheiro, Circe Furtado, Giovana Soar, Giselle Lima, Leo Fressato, Luis Ramon Valenzuela, Michelle Kelly, Stefano Belo.
FICHA TÉCNICA


